27.12.08

UM TRECHO DE MINHA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SOBRE GARIMPEIROS DE OPALA DE PEDRO II -PI

Segundo Santos (1986), novas práticas sociais geram novos espaços vividos, portadores de novos atributos. Garimpeiros, porém, parecem não se adaptar com facilidade aos novos espaços sociais que emergem no mundo da opala, diferentemente dos lapidários (e, em menor medida, dos joalheiros) que os habitam com desenvoltura por necessitarem desses espaços para vender seus produtos, e agregar valor (expressão-chave do mercado) às gemas. Com efeito, garimpeiros são incluídos marginal e simbolicamente nesses espaços, e os são, ao que parece, pelo requinte que a maioria desses espaços exibe, tidos como “espaços elegantes”, “espaços de gente de posse”, “chiques”, “de cerimônia” (que, por essa acepção, tem o sentido de vergonha), na linguagem dos bamburristas, onde não guardam qualquer relação, de fato com as gemas que agora transitam sob posse de outrem. Então, apartados da gema que encontram no garimpo, não resta aos garimpeiros nada a fazer em tais espaços.

Assim, referências ao garimpo são constantes nas falas dos garimpeiros, com uma forte carga semântica que remete à rudeza do trabalho, ali, realizado.

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