sacos ao vento
homens de plástico confusos, transparentes,
no lugar do coração o logotipo de alguma multinacional.
fantasias de carnaval?
no!
homens de plástico descrevendo no espaço
etapas de um lento movimento que parece não ter fim.
sacos e homens patéticos e um vento apocalíptico soprando.
vento morno desempregando ex-homens metais.
homo-faber que mora no ABC e não sabe ler.
impasse. Grave greve decretada. Paralisação geral.
à mesa patrões e empregados discutem desejos expostos de importância capital.
lá fora sacos de plástico vazios, vazios estômagos desse filhos de Adão.
homens de plástico esmagados ao chão, seus filhos entulhados em barracos,
pares de olhos que desde cedo focalizam um mundo imundo.
bocas fechadas ao protesto e à comida, corpos esqueléticos, tentativas de vida,
em meio a um vôo suicida,
involuntários Kamikases brasileiros.
arrastados pelas correntes de vento, esboços de homens desfilam em câmara lenta
numa melancólica agonia
(*) 1º lugar no concurso de poesia da UFPI – 1986)
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