30.1.10

RABISCOS & ESBOÇOS: um itinerário identitário


Rabiscos & esboços: um itinerário indentitário


O homem é essencialmente um ser de cultura. O longo processo de hominização, começado há mais ou menos quinze milhões de anos, consistiu fundamentalmente na passagem de uma adaptação genética ao meio ambiente natural a uma adaptação cultural. Em suma, a cultural toma possível a transformação da natureza. A noção de cultura se revela então o instrumento adequado para acabar com as explicações naturalizantes dos comportamentos humanos. A natureza no homem é inteiramente interpretada pela cultura. Nada é puramente natural no homem. Mesmo as funções humanas que correspondem a necessidades fisiológicas, como a fome, o sono, o desejo sexual, etc., são informados pela cultura: as sociedades não dão exatamente as mesmas respostas a estas necessidades (Denis Cuche).
Desenhar é uma atividade ancestral, atávica, praticada em todas as culturas conhecidas. O traço foi uma invenção monumental dos humanos, pois o traço não existe na natureza. Apenas na mente humana. Com o traço somos capazes de representar o irrepresentável, o ausente, aquilo que de outra forma não se deixaria conhecer. As crianças gostam de desenhar, mas nós, adultos, a escola, interferimos demais e tiramos essa “naturalização cultural” delas. O artista é aquele que teima em dizer não a essa interferência. Rabiscos & esboços: um itinerário indentitário bem poderia ser o nome dessa mostra, bem pequena, é verdade, dos mais de 500 desenhos que venho fazendo ao longo desses anos todos. A maioria só conhece meu trabalho de escritor, essa é uma boa oportunidade (sobretudo para mim) de mostrar outras facetas de minha criação, não sem um certo friozinho na espinha.
Grato pela presença
Pedro II, 4 de fevereiro de 2010
Ernâni Getirana.



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