4.5.09

KAOS



eu canto a cidade

de qualquer canto da cidade

eu ouço o silêncio pegajoso no desespero dos conflitos

sonhos marginalizados

flashes fétidos a pipocar por suas cloacas

eu canto a cidade

feito um cão solitário

e em meu latido pálido

carrego as mágoas dos depauperados

nesse canto seco e sujo

nesse lócus estéril e profundo

meu grito é lâmina atroz, volátil

eu encanto a cidade

acesa nos corpos das meretrizes

no ronco dos bêbados com suas esquisitices

nos olhos esbugalhados dos viciados

eu moro na cidade

eu morro na cidade

e meus restos se confundem com o que de resto sobrou

da pulverização total dos dramas

no silêncio visceral das alcovas sangrentas das damas

na mutilação genital dos conceitos

mas às vezes, por questão de sobrevivência,

me calo com a cidade

e fico quieto

e engulo a saliva no ruminar perplexo do engasgo











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