5.4.09

ENFIARAM O POETA NO MEDUNA




enfiaram o poeta no Meduna

varreram sua poesia para o ralo

viraram sua poesia pelo avesso

mas é do avesso

que o verso do poeta poetiza

e mina e poreja

sobre o brejo das almas

socaram o pobre do poeta no Meduna

mas sua poesia, medusa,

ainda faz meia dúzia de estragos

em meio a eletrochoques e esparadrapos

puseram gaze nos olhos do poeta

despoetizaram sua alma

mas a alma do poeta, mesmo lama,

ainda clama por alguma poesia que seja

isso enseja outros traumas

na teia etérea do poeta

filigramas de sua poesia

e a lua alta, garbosa e bela

não se coaduna com a cela

em cujo chão imundo se estatela

o poeta metido imundo no Meduna




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