Espaço democrático para a arte, literatura e todo papo inteligente de quem, como eu, sabe que 'a vida é breve e a arte é longa', como diz o poeta. Bem-vind@ a essa boteco das arte, na TERRA DA OPALA (Pedro II).
28.2.09
MINHA LÍNGUA É MINHA PÁTRIA - Fernando Pessoa
A CULPA É TODA DO PLACODERMO
A foto aí de cima é do Placodermo, peixe que teria iniciado a ato de ... fazer amor há milhões de anos. Portanto, a culpa é toda dele. Adão e Eva apenas seguiram o impulso desse peixinho encontrado por cientistas (esses incansáveis destruidores de sonhos, rs). Pronto, aliviemo-nos da culpa do pecado original. O Placodermo foi o desviante que primeiro copulou com uma fêmea, internamente, secretamente diante muito provavelmente dos olhos arregalados de Deus! Como diria essa moçada de hoje, o placodermo é o cara!!!!!!!
25.2.09
FILME
Kato cata Bruce Lee
A menina de olhos verdes veste uma calça Lee
E ao mesmo tempo lê este poema
O poema teima em não ser da menina
Nem sobre a menina
Nem que sobre a menina
Nem a menina
Nem
Besouros verdes também voam
Logo a cor não interfere em sua aerodinâmica
A menina de olhos verdes captura com o olhar os besouros verdes
Que se refletem em seus olhos igualmente verdes
Enquanto se precipitam em queda livre
Sobre a menina que não há
Cato os olhos verdes da menina
Que esperam os besouros em queda verde
Logo verde é uma das variantes do vôo cego dos besouros
Isto é, interferem na aerodinâmica do vôo livre, sim
Porque preso aos olhos da menina verde
Bruce Lee desfere golpes de karatê
Sobre as asas dos besouros
Na verde paisagem ausente dos olhos da menina
Que não há
O LADO QUE FALTA DA LUA
num papel de chiclete
bebe a luz
que vaza da foice lunar
fria, a lua
também dita luna
também dita loba
também dita mulher
um dragão chinês
num papel de chiclete xadrez
toma para si
o silêncio pegajoso do astro poroso
e dorme embrulhado nele
enquanto estrelas o espreitam
de longe desde a garganta silenciosa
e negra do cosmo
KAOS
de qualquer canto da cidade
eu ouço o silêncio pegajoso no desespero dos conflitos
sonhos marginalizados
flashes fétidos a pipocar por suas cloacas
eu canto a cidade
feito um cão solitário
e em meu latido pálido
carrego as mágoas dos depauperados
nesse canto seco e sujo
nesse lócus estéril e profundo
meu grito é lâmina atroz, volátil
eu encanto a cidade
acesa nos corpos das meretrizes
no ronco dos bêbados com suas esquisitices
nos olhos esbugalhados dos viciados
eu moro na cidade
eu morro na cidade
e meus restos se confundem com o que de resto sobrou
da pulverização total dos dramas
no silêncio visceral das alcovas sangrentas das damas
na mutilação genital dos conceitos
mas às vezes, por questão de sobrevivência,
me calo com a cidade
e fico quieto
e engulo a saliva no ruminar perplexo do engasgo
AO AMIGO MORTO
ontem era a brisa mansa
a beijar-lhe os cabelos macios,
a voz firme a sair-lhe da alma,
o brilho profundo do olhar...
ontem era o acalanto de braços abertos,
o beijo quente do lábio ardoroso.
o carinho a minar-lhe os dedos.
ontem era o passo firme
a caligrafia firme,
o sim e o não professados com veemência...
ontem era a mente no comando de tudo,
de cada gesto,
na profusão de cheiros, toques, sabores.
hoje a voz é estio
a casa é assombro,
o olhar é perdido,
o lembrar é saudade
incrustado sob a pele silenciosa do planeta
ele segue, como nós, a esmo pela imensidão do nada,
terrivelmente descaroçado de beleza e de carícias
EGOSSISTEMA
é que me perco e me acho:
boi cego a ruminar estrelas
vida, meu jogo radical,
nem tanto ao bem,
nem tanto ao mal.
antes eu, de mim mesmo a ferida.
meu corpo, planeta profano,
em trânsito pela galáxia de humanos e máquinas.
eu (perplexo), espelho invertido, convexo
do mundo que me engasga.
meu tempo, o tempo que dura a emoção.
elemento estrábico onde leio remotas notícias de mim.
sangro dentro da noite
num monólogo mudo, terminal,
por entre zonas de sono e silêncio
onde toda verdade é mentira,
onde toda mentira é real
NORDETINAmente
dentro da água
da bacia
por entre a caatinga.
o mesmo sol – magnífico ditador-
que grita por sobre a paisagem de vidro
erguida contra um céu fractral
de onde querubins marotos
descem só para puxar pelo cabelo dela
CEGANTE
bebem toda a luz
ao lado da fotografia de Jorge Luís Borges
que já não precisa mais dela
MEU POEMA
menino descalço no teu colo macio
(lugar de águas claras).
meu poema cala-se contigo em tuas noites de frio
quando todos dormem profundamente
e só eu te espio.
INSÔNIA
passos nas ruas do teu coração
(de) lírios brancos brotam ao luar
do outro lado do espelho
teu corpo (estranho objeto) pondera.
o canto do galo decreta teu outro mundo solar
MADE IN JAPAN
sonham de olhos abertos
e nos mandam sua última sacanagem eletrônica
favor ler na parte de baixo da embalagem:
“do not open your eyes yet!"
ATÔMICO
num céu germinal
e o sinal luminoso
r
o
m
p
e
pétalas humanas com a determinação de um carrasco
elogio é bommmmmmmmmmmmmmm!!!! PUBLICADO NO BLOG DO NOBLAT
SOBRE MEU POEMA EGOSSISTEMA
Nome: Carlos Prudente Leite - 19/2/2009 - 1:17
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OUTRO POEMA MEU NA COLUNA DO NOBLAT!!!!
O Louco
o homem à janela
se-pa-ra peixes de escamas douradas.
duas mãos morenas murmuram palavras perdidas.
Um par de olhos – em forma de peixe? –
espia estrelas descansadas ao fundo do alguidar de barro cozido
um sol moribundo
t
o
m
b
a
por detrás da linha do horizonte
num céu noturno
ébrios deuses atiram-se gemas de luz
Ernani Getirana de Lima é leitor do blog do Noblat. Nasceu no Piauí, é Professor, poeta, escritor, autor de "Lendas da cidade de Pedro II", e "Estripulias de Rosa Doida", dentre outros.Quando na universidade ganhou vários concursos de poesias.
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Nome: maria helena rubinato rodrigues de sousa - 24/2/2009 - 23:27
"espia estrelas descansadas ao fundo do alguidar de barro cozido"
Que lindo verso, Ernani. Noutro dia eu disse que você ainda nos devia mais, e foi o que hoje você nos trouxe.
Estou gostando cada vez mais do Corujão. Os poetas têm a maior dificuldade em se fazer conhecer, não é? Essa oportunidade que o Noblat lhes dá e que o João Luiz administra muito bem, é de primeira grandeza.
Sei como é difícil lidar com Cultura neste país. Por isso fico grata ao Noblat, ao João Luiz e turma do Corujão, mas sobretudo aos poetas que enfrentam com galhardia tão distinta platéia.
Qualquer dia crio coragem e vou ao Corujão da Poesia ouvir mais lindos versos.
Nome: Ernâni Getirana de Lima - Email - 25/2/2009 - 15:27
ERNÂNI GETIRANA DE LIMA - Pedro II PI - A Terra da Opala. ernani_lima@ig.com.br
24.2.09
COMENTÁRIOS SOBRE UM POEMA MEU PUBLICADO NO BLOG DO NOBLAT
Leia os comentários: |
poema da noite : Ao poeta - Ernani Getira de Lima |
em tuas mãos guerreiras a sentença errante de um sol enjaulado pulsa e tua espada espectral é uma galáxia de versos desferidos contra o oblíquo espaço humano onde o poema – campo de combate cotidiano – trava consigo uma luta corporal na hieroglífica>... |
Enviado por João Luiz de Souza, do Corujão dPoesia - 22/2/2009 - 23:30 |
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